terça-feira, 13 de abril de 2010

Águas que movem moinhos nunca são águas passadas - Celso Sisto - parte 3

FONTE 3 – ÁGUAS DAS CHUVAS

A água que veio do rio, que se juntou ao mar, que evaporou, é devolvida em chuva ou em lágrimas, essa água de dentro...
Ler deve despertar no outro respostas criativas e uma reconciliação consigo mesmo!

TERCEIRA CONCLUSÃO: além da emergência do ser social, um programa de leitura deve oferecer espaço para a emergência do ser estético/criador, usuário de todas as suas potencialidades, que transita confortavelmente pelo universo das linguagens.
(Utópico?)


O que acontece é que lemos mal. Nosso século sofre de subnutrição literária/artística/de linguagem. Então, um programa de leitura deve se espalhar, deve buscar o leitor, de muitos jeitos e em todos os lugares possíveis. Não esperar que o leitor venha espontaneamente, porque esse leitor espontâneo já está conquistado. O desafio é conquistar o leitor esporádico, intermitente... Queremos o leitor crítico. Queremos apostar em todas as linguagens. A informativa (ou científica), a profissional (ou instrumental), a de lazer (ou recreativa).
Mas, a leitura depende então de estratégias e mediadores competentes.

Um programa de leitura é uma série de eventos ou uma política de leitura?

Política demanda uma continuidade, perspectivas de longo prazo, avaliação constante, um refazer de rumos, uma variedade de ações voltadas para todos os níveis, todo tipo de público; (uma feira de livros pode espelhar uma política de leitura? Com certeza! Desde que saibamos o que fazer com o que nos é oferecido!).
Afetar o seu entorno, contribuir para o todo, deveria ser o lema. Ter passado do ato de reconhecimento para o ato de autoconhecimento, do ato de autoconhecimento para o ato de criação... Como na canção “Memória das águas”, de Roberto Mendes e Jorge Portugal, cantada magistralmente por Maria Bethânia, que diz:

MEMÓRIA DAS ÁGUAS

Amores são águas doces
Paixões são águas salgadas
Queria que a vida fosse
Essas águas misturadas

Eu que já fui afluente
Das águas da fantasia
Hoje molho mansamente
As margens da poesia

(...)
E foi assim pela vida
Navegando em tantas águas
Que mesmo as minhas feridas
Viraram ondas ou vagas

Hoje eu lembro dos meus rios
Em mim mesma mergulhada
Águas que movem moinhos
Nunca são águas passadas
Eu sou memória das águas
Eu sou memória das águas

Somos feitos de obras! Da soma das obras! Somos feitos também do olhar do outro, da presença do outro EM NÓS , de dois jeitos: nós pronome plural e também substantivo. Desatar os nós é libertar-se, com os outros...

PALAVRA FINAL: Promover a leitura não está dissociado das questões sociais e atividades leitoras precisam sempre de um projeto político que lhes dê sustentação.

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